Objetivo deste Blog

Ninguém ensina ninguém. Tampouco ninguém aprende sozinho. Os homens aprendem em comunhão. Mediatizados pelo mundo.” (Paulo Freire)

Portanto, o objetivo da criação deste blog é para viabilizar a troca de experiências educacionais entre os educadores das escolas jurisdicionadas à SRE-Caxambu e com o mundo.
Afinal, educação é tudo de bom!

terça-feira, 10 de maio de 2011

A escolha do método de alfabetização

MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO

    A escolha do método de alfabetização é tarefa extremamente difícil, pois deve ser adequado às características das crianças, ao nível de suas potencialidades para que não se criem experiências frustradoras. É necessário atender também aos interesses infantis, garantindo o gosto pela leitura, o vocabulário adequado relacionado às suas experiências para, facilitar a compreensão e assimilação do texto.
     Tal escolha tem como objetivo principal permitir e facilitar a aprendizagem da leitura e da escrita. Esse objetivo, porém, nem sempre foi alcançado e, como conseqüência, encontramos uma variedade de métodos de ensino e fervorosos defensores de cada um.

Métodos e Processos de Ensino da Leitura

     No intuito de uma classificação estabeleceu-se, em linhas gerais, que os métodos de alfabetização classificam –se em analíticos e sintéticos; ambos levam a compreensão da existência da correspondência entre os sinais da linguagem escrita e os sons da linguagem falada. A diferença está em que os métodos sintéticos partem dos elementos componentes: palavra som, letras ou sílabas e vão até às palavras, frases, contos e unidades de experiências e, os analíticos partem de um todo: contos, frases e palavras para se chegar aos elementos que se compõem em sílabas, letras e sons.
     À medida que se processa a aprendizagem da leitura e escrita, os dois métodos vão se fundindo resultando numa atividade analítico-sintético.

Método Alfabético

     Os primeiros relatos deste método foram encontrados na civilização grega e, há dados de que o método alfabético foi utilizado até meados dos século XIX (Gray 1957).
     Como próprio nome indica, o ensino da leitura se iniciava pelo nome das letras que compunham o alfabeto. Depois de se haver decorado o alfabeto de forma direta, inversa e salteada, o aluno fazia todas as combinações possíveis entre as vogais e as consoantes. Primeiro, as combinações eram entre duas letras, quando dominadas, passava-se a combinar três, quatro, cinco letras, claro que as unidades lingüísticas que se formavam eram sem sentido. Só então se trabalhavam as sílabas que iriam formar as palavras, para se chegar às frases, aos parágrafos e aos textos.
     A principal crítica a esse método de ensino era que o nome das letras pouco ou nada tinha a ver com os sons que representam. Vemos por exemplo, que para a palavra "cacho" ser aprendida, a criança era obrigada a dizer "cê" -"a" - "cê" - "agá" - "o" e, então, formava "cacho". Outra crítica formulada a este método era que a constante repetição de letras e de sílabas sem sentido, tornava-se uma tarefa totalmente desmotivadora para a criança, que só aprendia à custa de punições físicas.
     Devido à sua ineficácia, enquanto meio de facilitar a aprendizagem da leitura, o método alfabético foi sendo abandonado e caiu em desuso.

Método Fônico

Consiste na relação entre sons e as letras correspondentes. A identificação da palavra se faz sem soletrar e sem silabar, mas através do fonema.
Inicia-se o ensino da leitura pela introdução das vogais e suas combinações; posteriormente, apresentam-se as consoantes e, após a fixação faz-se a combinação das consoantes com as vogais. As palavras formadas obedecem a seguinte graduação: monossílabos, dissílabos e trissílabos. Freqüentemente são usados recursos ideográficos para fixar a forma de grafemas e o som representados por ele.
Esse método apela para a memória auditiva, visual e motora e a escrita é considerada como um recurso auxiliar da leitura. Dá ênfase à decodificação dos símbolos, ou seja, à mecânica da leitura. Um dos problemas na aplicação desse método é emissão correta dos fonemas. Nesse caso, é preciso que o professor tenha bom embasamento lingüístico para não incorrer em defeitos de fonética e contornar as falhas existentes no material. Outro aspecto a ressaltar é referente à linguagem escrita como meio de comunicação, que poderá ser prejudicada pela prática da escrita letra a letra, sílaba a sílaba e palavra a palavra.
Como vantagem desse método pode-se citar:
  • adequação à natureza da língua;
  • possibilidade devido à graduação fácil do processo, de maior flexibilidade na aplicação do mesmo podendo pela sua natureza ir mais ou menos rapidamente e/ou repetir lições já introduzidas;
  • resultados altamente positivos, na área da ortografia;
  • atividade lúdica para a criança, se bem conduzido ou aplicado;
  • transferência da aprendizagem ao levar o aluno a decodificar os símbolos impressos em qualquer situação de leitura;
  • utilização de partes do método como recursos auxiliares em outros métodos.

Método Silábico

      O método silábico se utiliza das sílabas como unidade-chave que depois de combinadas formam palavras, frases.
      Comumente, o ensino começa pelas vogais e, em seguida é introduzido o padrão silábico (consoante + vogal). A junção das vogais e consoantes se faz como no método fônico; cada combinação de consoantes e vogais introduzida em lições separadas e com elas são formadas que servem para fixação do padrão silábico em estudo. Geralmente nesse método, são utilizadas imagens para facilitar a memorização e fixação das sílabas. No método silábico, inicialmente, se desenvolve a mecânica da leitura e as habilidades de compreensão desenvolvidas posteriormente quando o estágio mecânico já se encontra em fase adiantada.
     O fundamento desse método são as sílabas que se constituem em unidades sonoras que os ouvidos percebem e discriminam claramente, favorecendo, dessa maneira, a ortografia. Segundo alguns autores, é adequado à língua portuguesa pela consistência silábica da mesma. É dada também como vantagem do processo silábico a apresentação das lições isoladamente e os pequenos textos sem relação entre si, favorecendo uma relativa flexibilidade ao professor que pode promover as adaptações necessárias.
     Como desvantagem do método silábico, apresentam-se:
  • ênfase dada às silabas e colocações das palavras em coluna o que poderá levar a leitura “engolindo” não pronuncia com clareza as silabas e movimentos oculares incorretos;
  • devido a leitura de silabas e palavras isoladas o número de pausa aumenta, o que restringe a amplitude da visão e favorece os movimentos regressivos, que cansam os olhos desnecessariamente e interferem no movimento correto dos olhos, da esquerda para a direita, prejudicando o ritmo da leitura e apreensão do sentido;
  • o uso de palavras fora da experiência é de difícil compreensão para a criança.
Como vantagens apresenta-se:
  • é bastante adequada à língua portuguesa pela consistência silábica da mesma;
  • as lições isoladas e os pequenos textos, não relacionados entre si, dão ao processo relativa flexibilidade, podendo o processo promover as adaptações que se fizerem necessárias;
  • oferece grande vantagem na área da ortografia.

Método da Palavração

     A utilização desse processo constitui um passo avançado no sentido de empregar um método mais global no ensino da leitura, desviando do enfoque puramente mecânico para outro com maior apelo à compreensão. O estímulo usado como ponto de partida são as palavras que, depois de fixadas, são decompostas em sílabas, chegando-se, em muitos casos, até os fonemas. Com as sílabas formam-se novas palavras que serão apresentadas para as crianças, isoladamente ou em frases.
     A questão fundamental desse processo é a escolha das palavras geradoras que pode ser feita obedecendo à presença de padrões silábicos ou de fonemas consonantais.
     Em relação ao primeira aspecto(posição silábica) o esquema de trabalho parte das palavras, que são fixadas e decompostas em sílabas e que formarão novas palavras. Essas palavras são apresentadas em frases, constituindo material de fixação das sílabas estudadas. Inicia-se pela introdução de vogais, em seguida, passa-se para o padrão silábico (consoante + vogal), chegando-se até às letras.
     Em relação ao segundo aspecto (posição fonética), focaliza-se a palavra, enfatizando desde o início o estudo do fonema, aplicando o recurso da troca dos sons.
Exemplo:
bala bala
( m ) mala
( r ) rala
( s ) sala
( t ) tala

     Como vantagens do processo de Palavração destacam-se:
  • facilidade de aplicação, o que traz segurança ao professor;
  • parte de um todo mais significativo para as crianças;
  • aprendizagem da ortografia;
  • flexibilidade ao trabalho do professor adaptando-o às necessidades dos alunos;
  • facilidade para o professor localizar as falhas das crianças;
  • simplicidade do material que pode ser organizado pelo próprio professor, utilizando palavras do vocabulário da criança e que surgem nas conversas em classe.
Entre a desvantagens citam-se:
  • presença de palavras desprovidas de sentido para a criança;
  • apresentação de textos pobres, mal relacionados, com o objetivo de treinar fonemas ou padrões silábicos em estudo;
  • a ênfase que é dada à silabação, coloca em risco a intenção globalizadora;
  • prejuízo para a escrita que não é enfatizada no desenvolvimento do processo;
  • o êxito do processo depende da habilidade do professor em trabalhar com ele.

Método Global de Contos

     Esse processo se fundamenta num todo significativo – o conto – em que as sentenças são ligadas pelo sentido, em grandes unidades de pensamento.
     Nesse processo, há grande preocupação as habilidades de compreensão, pois utiliza histórias em seqüência que garantem suspense, ação e antecipação de conhecimentos. Ele favorece também o desenvolvimento das áreas da linguagem: audição, linguagem falada e escrita.
     Para aplicar bem o Método Global, o promover com interesse, eficiência e dedicação, as atividades próprias à natureza da fase que vai desenvolver. O professor, ao passar de uma fase para outra, deve verificar a devida prontidão.
     Fases do Método Global:
  • conto;
  • sentenciação;
  • porções de sentido;
  • palavração
  • silabação;
Com exceção da fase de porções de sentido, as outras são fases psicológicas porque representam o tipo ou natureza do trabalho que o espirito da criança realiza a marcha da aprendizagem. A fase das porções de sentido é uma fase metodológica, introduzida pela metodologia da leitura, para evitar a passagem brusca da sentenciação para a palavração.

- Fase do Conto
Com uma conversa informal, despertar o interesse da classe para a apresentação da história. Explorar a linguagem da criança através de um comentário acerca das histórias que conhecem. Ouvir todas as versões relatadas pela classe.
- Fase da Sentenciação
A prontidão para essa fase é manifestada quando a criança começa a identificar sentenças. O professor cita uma sentença e o aluno indica o cartaz que pertence.
O primeiro período de leitura diária deve continuar com as atividades referentes à fase do conto. Continua-se a apresentar os outros cartazes, até o fim, seguindo a orientação já citada, variando sempre as atividades, para maior interesse da classe. O professor continuará, apresentando farto material suplementar.
O segundo período será destinado às atividades características da fase da sentenciação.
- Fase das Porções de Sentido
Manifestações que indicam prontidão para esta fase:
. leitura pronta das fichas de três ou quatro cartazes, quando apresentadas desordenadamente;
. capacidade para marcar, nos cartazes estudados, uma palavra pedida;
. revelação espontânea de reconhecer uma ou outra palavra nos cartazes já estudados.
Divisão do trabalho nesta fase:
As atividades de leitura devem ser numerosas. Considerando a curta capacidade de atenção da criança, torna-se necessário que o professor utilize dois ou mais períodos curtos de leitura por dia. No primeiro período, o professor continua com as atividades da fase do conto e da fase da sentenciação da forma já sugerida e, no segundo, introduz a fase das porções de sentido.
- Fase da Palavração
Os dois períodos de leitura devem ser mantidos.
No primeiro período, o professor deve continua com as atividades da fase do conto, da sentenciação e das porções de sentido.
No segundo período, introduz as atividades características da fase da palavração.
É possível que a essa altura, o professor tenha terminado a apresentação de todos os cartazes com o estudo das sentenças e porções de sentido em frases bem adiantadas.
- Fase da Silabação
Manifestações de prontidão para esta fase:
As crianças começam a notar pedaços de palavras em outras palavras: lêem palavras diferentes das do Pré-Livro, quando apresentam sons semelhantes aos daquelas.
A divisão do trabalho de classe, na fase da decomposição de palavras em sílabas , será em dois períodos de leitura diária. No primeiro, serão conduzidas as atividades das demais fases do processo global, quando o professor continua a apresentar fichas, pantomimas, leitura suplementar de páginas mais interessantes de outros pré-livros. No segundo período o professor realizará atividades específicas de silabação.
Os materiais existentes para a aplicação desse processo são ricos e variados, cabendo ao professor a escolha daquele que melhor se adapte à sua classe. Por levar a uma leitura mais significativa, desperta grande interesse da criança, concorrendo para o desenvolvimento do gosto pela leitura.
O uso do material suplementar é de real importância para o sucesso do processo global. Os cartazes suplementares devem levar gravuras de sentido completo. As sentenças devem ser curtas, usando a linguagem do pré-livro com apenas uma ou duas palavras novas. A letra deve ser do tipo manuscrito e de bom tamanho.

5 comentários:

  1. Olá Giselle! Parabéns pelo blog. Como não sou da área o texto foi ótimo para mim, rs. É uma discussão importante sem dúvida. Um abraço, S.
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  2. Você poderia dar dica de onde encontro o material para trabalhar com o método global? Meu email é aline.asdiniz@gmail.com

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  3. Excelente sua explicação. Estou fazendo o curso de Magistério e estou meia perdida em como posso aplicar este método.Conto conto com sua ajuda.Vou atuar em turmas de 0 a 6 anos. Um abraço
    theluzamori@hotmail.com

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  4. queria mais explicações sobre as vantagens que esse método pode trazer para alfabetização???

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  5. olá Giselle. Muito instrutivo além de proveitoso, percebi que apesar de ser um método rápido a "palavração" deixa a desejar se comparmos o perfil dos alunos que encontramos em sala de aula hoje diferente de 20 anos atrás. Contudo toda a experiência é significativa dentro das especificidades de cada aluno. observando seu levantamento opto por trabalhar o método silá
    bico onde me identifiquei. Obrigado por seu trabalho foi de grande valia. Parabéns

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